terça-feira, 21 de agosto de 2012

Homofobia em Santa Cruz

Diversas formas de violência serão abordadas durante esta semana durante a 4ª Semana Municipal de Prevenção à Violência. A abertura foi ontem pela manhã na Câmara Municipal de Vereadores. Através de uma iniciativa do Comitê Municipal do Programa de Prevenção à Violência (PPV), o evento conta com uma programação que vai até o próximo sábado incluindo palestras, debates, apresentações artísticas, caminhada e mateada.
Este ano a ONG Desafios foi convidada a participar das atividades da 4ª Semana Municipal de Prevenção à Violência. A Desafios vai colaborar na noite de terça-feira, 21, às 19h, no Plenário da Câmara de Vereadores, com a palestra “Diversidade e Políticas Públicas de Prevenção à Violência”, ministrada pelo professor da Unisc André Viana Custódio, que também é pesquisador do Grupo Políticas Públicas de Inclusão Social da universidade.
Os focos da Semana, além da homofobia, também são a violência doméstica e o suicídio, este com palestras e discussões durante manhã e tarde de hoje. De acordo com a coordenadora do Comitê Municipal do PPV, Arani Borges Hax, os dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), que foram apresentados na abertura do evento, comprovam a importância de incluir a violência contra a mulher na pauta dos debates. 
Outro importante enfoque será a questão do bullying. “Em nossas reuniões com as lideranças dos bairros estes assuntos foram solicitados, principalmente a violência e preconceito entre os jovens. Todos os assuntos que estão sendo discutidos são de interesse da comunidade”, enfatiza Arani.

HOMOFOBIA

Para a coordenadora do Comitê, a homofobia e o preconceito também estão presentes entre os adolescentes e o assunto precisa ser debatido. “Infelizmente este tipo de violência acontece e as pessoas têm medo ou vergonha de falar. Os próprios professores e jovens vêm nos solicitando isso. Além de ainda não ser criminalizada, sabemos que a homofobia está no dia-a-dia de milhares de indivíduos. É necessária a promoção desses espaços de discussão e esclarecimento”, destaca.
Arani possui grande conhecimento sobre este assunto pelo trabalho que desenvolveu na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. Ela relata que muitos casos de evasão escolar e prostituição, por exemplo, se dão quando o ambiente escolar e familiar discrimina o jovem. “Durante muito tempo fizemos várias buscas a adolescentes de ambos os sexos que haviam evadido da escola e chegamos à constatação que alguns casos foram porque se assumiram homossexuais e estavam sendo rejeitados pelos colegas e pela família”, conta.
Além disso, Arani frisa a dificuldade que a família também tem para lidar com a homossexualidade dos filhos. “Precisamos de um amplo trabalho que envolva toda a comunidade porque assim como é difícil para a pessoa que está se assumindo, é muito complicado para a família. Quase sempre ela fica muito confusa, não tem esclarecimento sobre o assunto, tem dificuldade de lidar e nem sabe como abordar esta situação. A rejeição leva alguns jovens até a prostituição e o mundo das drogas”, lamenta.

CRIMINALIZAÇÃO

Para o presidente da ONG Desafios, Ruben Quintana, a criminalização da homofobia, além de dar mais segurança para quem sofre com o preconceito e violência, vai auxiliar órgãos públicos na obtenção de índices. “Se hoje procurarmos nas delegacias, por exemplo, não encontraremos nenhuma ocorrência por homofobia porque ela não é criminalizada. Se tivermos dados oficiais será mais fácil elaborarmos projetos e ações para este público”, argumenta.
A homofobia sendo configurada como crime, conforme Quintana, vai inibir agressores e dar mais segurança para o agredido denunciar. “O homossexual, homem ou mulher, tem que se sentir amparado ao entrar na delegacia, sendo tratado com respeito e sabendo que existe uma lei que o protege”, enfatiza.

ESCOLHA DO TEMA

“A paz não é só minha. É sua também, ela é a chave para fechar a porta da violência. Ajude-me a virá-la”. Esta foi a frase escolhida como tema da 4ª Semana Municipal de Prevenção à Violência. Segundo Arani, o resultado foi uma integração entre os alunos das Escolas Bom Jesus, Alfredo Kliemann e Harmonia. “Os jovens do Comitê Adolescente do PPV preparam a acolhida das crianças no Centro Social da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. Durante toda aquela tarde foi realizada uma dinâmica de integração com os alunos das três escolas, que se reuniram em grupos aleatórios e disso saiu o desenho e a frase. Foi muito bonito”, relata Arani.
O material confeccionado pelos estudantes foi levado para votação no Comitê. “Foi difícil escolher apenas um porque todos eram muito bons. Este, porém, traduziu melhor o conceito de família, sociedade e união, tanto no desenho quanto na frase”, explica a coordenadora do PPV. O desenho foi criado pela aluna Gabrieli de Melo (EMEF Bom Jesus) e a frase pelas alunas Brenda Machado (EMEF Bom Jesus), Dassayew Pôrto (EE Alfredo J. Kliemann) e Rafaela Bicca (EMEF Harmonia).

Fonte: Rio vale jornal

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